Opinião

O ídolo de um Millennial

Written by Timóteo Caixeiro

Os Millennials são uma geração que está em estudo. Fazem parte de uma casta que não teve ainda tempo para amadurecer completamente e que, para complicar as coisas, desde há muito que se mostra imprevisível. Os cientistas falham redondamente as contas. Os sociólogos, as previsões. E os Millennials as afirmações. Parece pertinente referir agora que estes dados não foram revistos por nenhuma entidade aclamada. Ou sequer por alguma identidade aclamada. Saíram directos da cabeça de um Millennial, que pergunta – com soberba – “mas quem melhor para o dizer que eu próprio?”.

E acho que é por isso que os prognósticos andam difíceis. É dada voz a qualquer um, mesmo que não se lhe aponte o microfone. E quando a amostra é despropositadamente total, não existe matemática que nos valha. E já que assumimos a derrota, aqui segue mais um pensamento de Millennial.

O conceito de ídolo está definido no dicionário como “fig. pessoa ou coisa intensamente admirada, que é objeto de veneração.” Não foi isso que cresci a aprender. Definiria ídolo como “pessoa que um indivíduo deseja ser” – porque correntemente fala-se assim, com definições fáceis e rápidas.

Talvez por não por nossa culpa, mas das gerações mais velhas – há quem diga que a desresponsabilização é uma característica nossa mas já acho isso exagero – este conceito ande trocado. Mas sim, diria que eram os mais velhos que viam as celebridades da altura nas televisões ou jornais e que diziam que queriam ser como eles. Ter a mesma vida, sem tirar nem pôr. Criar as mesmas obras, cantar as mesmas músicas, realizar os mesmos feitos e ter as mesmas relações. Portanto trocar de vida, se conseguissem.

Ora, quem são os ídolos dos Millennials?

Embora sigam dezenas, centenas ou milhares de personalidades, a (minha) resposta é caricata. Isto é, não se trata de mais um artista de pop da moda, de um atleta fora-de-série ou de um self made man que é milionário aos 25. O giro deste tsunami de estímulos é que deixa estragos muito próprios. E que podem até fazer bem.

O que me parece é que o meu ídolo – portanto aquele que quero ser – não é ninguém para além de mim. Para além da projecção que faço de mim no futuro. Tenho muitos bons amigos e rodeio-me de pessoas boas. Olho muitas vezes para cima e tento seguir pisadas. E acompanho grandes personalidades, para além de outras falhadas, que me trazem alguma coisa pela sua maneira de estar na vida. Portanto rodeio-me de estímulos. E tento lembrar-me deles. Tento levar (ou deixar) de todos qualquer coisa, até me construir na totalidade.

E sei que não vou acabar este processo. Sei que não vou atingir o meu objectivo, nem o quero. Gosto de ser assim. De viver com esta sede insaciável de ser melhor, que constantemente tento satisfazer, sem nunca o querer.

Este é o meu ídolo de Millennial. Sou o meu ídolo de Millennial.

Sobre o autor

Timóteo Caixeiro

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