Nos últimos dias assistimos a alguma discussão em torno da necessidade dos bancos passarem para os seus clientes os efeitos das taxas de juro negativas. Do lado dos bancos os argumentos prendem-se com questões de sustentabilidade financeira (porque a EURIBOR negativa irá resultar numa redução da sua rentabilidade) e com o facto de uma taxa de juro negativa ser algo que não faz sentido economicamente.
É importante referir alguns fatores nesta discussão. Em primeiro lugar, os bancos mais prejudicados são os bancos que tiveram políticas comerciais mais agressivas (ou mais irresponsáveis) e que contrataram spreads perto de zero junto dos seus clientes. Se tivessem uma postura menos agressiva não estariam agora com problemas. Em segundo lugar, não me parece que tenha existido esta reciprocidade quando as taxas EURIBOR atingiram valores superiores a 4%. Ou que exista esta mesma situação de “justiça” quando os bancos sobem as comissões quando lhes dá jeito. Nesses casos, aplicaram-se as regras dos contratos e os consumidores pagaram. Em terceiro lugar, é fundamental que não se esqueça que os atuais níveis de taxas de juro também resultam numa redução do custo do financiamento dos bancos junto de outros bancos e de outros investidores.
Convém nunca esquecer que as regras servem para que todas cumpram. Não são regras para cumprir apenas quando nos dá jeito. A queda das taxas de juro veio beneficiar quem tem dívida em contraponto de quem tem poupanças. Este movimento irá alterar-se em breve, apesar de continuarmos a pensar que não. Aí os bancos poderão recuperar os seus rendimentos.
Nota Importante
O Parlamento aprovou uma lei que irá obrigar os bancos a compensar os seus clientes que tenham uma taxa de juro negativa. Os bancos não querem ter de pagar (coitadinhos) por terem emprestado o seu dinheiro. No entanto, quando a taxa de juro voltar a terreno positivo irão ter de devolver o dinheiro aos seus clientes (só não foi aprovado o pagamento de um juro de mora… não podemos ter tudo).