Todas as pessoas atentas percecionam a subida dos preços do mercado imobiliário residencial em Portugal. Mas o que justifica esta subida? Será que é sustentável? Pedimos ajuda ao Diretor Geral da CBRE em Portugal. Francisco Horta e Costa explica-nos o que se tem passado.
Existe um grande desequilíbrio no mercado
A subida dos preços resulta da interação entre a procura e a oferta. Durante os tempos da crise tivemos muito pouca construção e recentemente assistimos a um aumento expressivo da procura. Há atualmente muita procura e a oferta é muito pouco elástica. Ou seja, a oferta não se consegue adaptar assim tão rápido à procura. Aliás, esta oferta tem-se focado no segmento da reabilitação urbana – que traz uma oferta reduzida em termos de número de unidades – e não tanto em grandes empreendimentos habitacionais.
A procura tem subido muito…
O mercado imobiliário demora tempo a ajustar-se. Não construímos milhares de casas de um dia para o outro e o espaço é escasso. Assim, a subida da procura que é focada em determinadas zonas da cidade com pouco espaço disponível (nomeadamente nas zonas históricas) não é acompanhada pela oferta.
Quem está a comprar em Portugal?
Francisco Horta e Costa refere-nos que não são apenas os estrangeiros que têm mais poder de compra quem está a comprar em Portugal. Aliás, refere que assistimos a uma procura real e latente da classe média portuguesa. Após vários anos sem a possibilidade de compra (talvez pelas restrições ao crédito habitação), a classe média procura agora uma nova habitação e não tem muitas alternativas, especialmente na habitação nova
Pressão na periferia
Estando o movimento consolidado nas zonas históricas das grandes cidades, o próximo passo deverá passar pelo desenvolvimento de novos empreendimentos nas periferias ou outras zonas menos centrais. Já assistimos, contudo, a subidas de preços nessas zonas. Será que os preços vão subir? Ou será que vivemos numa bolha que irá rebentar?