Nos últimos anos o nosso país tem dado passos importantes no campo da inovação. A crise que atravessámos obrigou os portugueses a reinventar-se. Deixámos de olhar para o emprego para a vida e voltámo-nos para a criação do próprio emprego. Uma geração qualificada, ambiciosa e aberta às novas tecnologias e um suporte grande de estruturas criadas para a aceleração de pequenos negócios. Fala-se também do impacto das websummits que creio que honestamente ninguém poderá quantificar. O certo é que a inovação sempre nos esteve no ADN, faltavam os incentivos que felizmente apareceram.
O sucesso traz consigo algumas tentações…
Com os incentivos e com o sucesso económico surgem sempre tentações. A primeira é a de se criarem impostos e taxas para que Estado, câmaras e juntas de freguesia se aproveitem do sucesso económico. A segunda e também muito importante é a de achar que tudo tem de ser legislado, talvez de modo a protegermos interesses instituídos que não tiveram a capacidade de antecipar e gerir a inovação. Dois exemplos são claros:
Alojamento local
Vimos isto com o alojamento local, que tem trazido inúmeros benefícios à economia e às famílias em Portugal. Tem contribuído para o emprego, para a qualidade de vida de muitas famílias que têm aqui um rendimento extra e tem feito pela reabilitação aquilo que as leis e os incentivos estatais nunca fizeram. Talvez faça sentido ler o artigo em que comparamos o alojamento local com o alojamento de longa duração para fazer as suas contas…
Uber e transportes
Vemos isso também com a Uber e afins que vieram desafiar o sistema atual com serviços de maior qualidade e uma melhor relação preço qualidade (creio que está visto que não são precisas leis e licenças para garantir a qualidade do serviço que está em crescendo). Gostamos de criar leis e licenças para tudo. Queremos controlar tudo mas esquecemo-nos que muitas vezes é o próprio mercado que cria as leis mais eficientes, naturalmente que com exceções que temos de acautelar. É necessário que exista espaço para uma livre concorrência que deixe ao consumidor a última palavra pois, em última análise, vivemos numa democracia.
A concorrência traz consigo a inovação e a eficiência. Podemos negar esta força e desejar manter ligados à máquina modelos de negócio que estão obsoletos. O problema é que a dada altura vamos ser chamados a dar os cuidados paliativos em negócios que simplesmente deixam de fazer sentido.